Moradores da região deixam o local com alimentos para cozinhar em fogo improvisado. Preços altos impedem acesso a comida
Pessoas pegam restos de alimentos em caçamba no centro de São PauloREPRODUÇÃO RECORD TV
Sete pessoas recolheram restos de comida de uma caçamba de descarte de alimentos, na manhã desta terça-feira (19), no entorno do Mercado Municipal de São Paulo. Moradores da região deixaram o local com sacos repletos de comida para cozinhar em fogo improvisado nas ruas de São Paulo. A cena que já se tornou cotidiana na realidade de várias cidades brasileiras é mais um sintoma que o aumento do preço dos alimentos atingiu em cheio uma considerável parcela da população.
As refeições dos brasileiros ficaram mais caras nos últimos 12 meses com as variações superiores a 30% no preço do arroz e das carnes, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Com a última coleta do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que apontou para a maior variação para meses de julho desde 2002 (+0,96%), o índice oficial de preços acumula alta de 9% entre agosto de 2020 e julho de 2021.
O desempenho da inflação acima do teto da meta estabelecida pelo governo para o período foi impulsionado pelos saltos de 39,7% no preço do arroz e de 34,3% no valor das carnes. Lidera o ranking o óleo de soja, outro item essencial para a alimentação que disparou 84,3% no último ano.
Entre as carnes, as maiores variações positivas foram registradas pelos preços do músculo (+43,4%), pá (+40,4%), patinho (+39%), lagarto (+37,7%), costela (+37,6%), cupim (+36,8%) e acém (+36,6%).
Opções de proteína para substituir as carnes, os frangos ficaram mais de 20% mais caros nos últimos 12 meses. Ao mesmo tempo, os ovos de galinha e os pescados acumulam variações menos significativas de, respectivamente, 11,2% e 3,6% em um ano.
Para fechar o tradicional patro feito dos brasileiros, os feijões apresentam comportamento de preços diferentes, conforme o tipo do grão. Enquanto o feijão-fradinho saltou 42,4% nos últimos 12 meses, o feijão-preto acumula alta de 19,1% e o feijão-carioca ficou 3,3% mais barato no mesmo período.
Diante dos recentes saltos nos preços, o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, avaliou nesta semana que a inflação trouxe surpresas negativas aos brasileiros nos últimos meses. Em sua última live semanal, o presidente Jair Bolsonaro também reconheceu que o IPCA acumulado dos últimos 12 meses é um "número grande".
Combustíveis
Com um salto de 41,3% entre agosto do ano passado e julho deste ano, os combustíveis veiculares figuram como outro dos vilões do bolso dos consumidores brasileiros.
O principal destaque negativo parte do etanol, que ficou 57,3% mais caro no período de 12 meses. Atualmente, cada litro do biocombustível sai por, em média, R$ 4,339 nos postos, de acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
A gasolina (+39,6%), o óleo diesel (+36,3%) e o gás veicular (+29,5%) também ficaram significativamente mais caros no período de um ano. Segundo a ANP, cada litro dos combustíveis custa cerca de R$ 5,853, R$ 4,598 e R$ 4,007, respectivamente.
Entre os combustíveis domésticos, a maior alta observada é a do gás de botijão, cujo preço saltou 29,3%. Também apresentam alta no período acumulado de 12 meses os valores do gás encanado (+13,9%) e do carvão vegetal (+6,6%).
R7.
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