quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Fim de sigilo de 100 anos? As decisões de Lula que poderão afetar Bolsonaro após posse



Entenda as decisões que o presidente eleito tomará e como elas podem impactar o futuro ex-presidente.

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, já deixou claro que pretende derrubar com rapidez os sigilos de cem anos que o governo de Jair Bolsonaro adotou sobre uma série de informações, como o cartão de vacinação do presidente ou as vezes que seus filhos estiveram no Palácio do Planalto.

"Eu vou ganhar as eleições, e quando chegar dia primeiro de janeiro, eu vou pegar seu sigilo e vou botar o povo brasileiro para saber por que você esconde tanta coisa. Afinal de contas, se é bom, não precisa esconder", prometeu o petista, no debate do segundo turno da TV Bandeirantes.

Além do fim desses sigilos, outras decisões do próximo governo também poderão afetar a família Bolsonaro, como a troca de comando da Polícia Federal e a escolha do novo Procurador-Geral da República em setembro do próximo ano. O presidente enfrenta acusações de ter interferido nessas instituições para evitar investigações contra si e seus filhos.

Entenda melhor a seguir as decisões que Lula tomará e como elas podem impactar o futuro ex-presidente.

Sigilo de cem anos

A imposição de sigilo de um século ocorreu em situações que ganharam destaque durante o governo Bolsonaro, como nesses quatro casos:

O cartão de vacinação de Bolsonaro foi colocado em sigilo, em meio à pandemia de Covid-19 e no contexto de que o presidente questionava eficácia e segurança dos imunizantes;
O governo determinou sigilo de cem anos sobre informações dos crachás de acesso ao Palácio do Planalto emitidos em nome dos filhos Carlos Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro;
A Receita Federal impôs sigilo de cem anos no processo que descreve a ação do órgão para tentar confirmar uma tese da defesa do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, sobre a origem do caso das "rachadinhas";
O Exército impôs sigilo de cem anos no processo que apurou a ida do general da ativa e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello a um ato no Rio de Janeiro com o presidente Jair Bolsonaro e apoiadores do governo.

As decisões de manter o tema em sigilo são feitas em resposta a pedidos apresentados por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), geralmente sob alegação de que documentos continham informações pessoais.

Também há casos em que o governo tentou manter a informação secreta e depois mudou de ideia — como os dados sobre visitas ao Palácio do Planalto de pastores suspeitos de favorecer a liberação de verbas do Ministério da Educação para prefeitos aliados.

O sigilo de no máximo cem anos, decretado em resposta a pedidos de informação do governo, está previsto na lei que acabou com o sigilo eterno de documentos oficiais — a Lei de Acesso à Informação. Ela foi sancionada em 2011 pela então presidente Dilma Rousseff — e foi assinada junto com a lei que criou a Comissão da Verdade.

No artigo 31, a lei prevê que informações pessoais relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem tenham acesso restrito pelo prazo de até cem anos.

Também está lá um trecho que busca conter o uso dessa medida: o texto diz que a restrição de acesso de "informação relativa à vida privada, honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada com o intuito de prejudicar processo de apuração de irregularidades em que o titular das informações estiver envolvido, bem como em ações voltadas para a recuperação de fatos históricos de maior relevância".


Em meio à pandemia de Covid-19, Bolsonaro questionou a eficácia e segurança das vacinas — e seu cartão de vacinação foi colocado em sigilo. — Foto: Ernesto Carriço/ Nurphoto via Getty Images

Para o advogado Bruno Morassutti, fundador da agência especializada em transparência Fiquem Sabendo, pessoas que ocupam importantes cargos públicos, como a Presidência da República, não devem ter o mesmo nível de proteção de sua privacidade que cidadãos comuns.

Desse forma, ele avalia que o governo Lula poderá sim revisar com facilidade os sigilos decretados pela gestão Bolsonaro.

"O presidente poderia, diante de alguns casos concretos, determinar a abertura das informações, já que ele é o chefe do Poder Executivo e tem competência jurídica para fazer isso. Ou, eventualmente, ele pode orientar o ministro da Transparência e os membros da Comissão Mista de Reavaliação de Informações a revisar essas decisões de acordo com critérios que ele estabelecesse", afirma.

A Comissão Mista de Reavaliação de Informações (CMRI) é um órgão colegiado composto por nove ministérios: Casa Civil, Justiça e Segurança Pública, Relações Exteriores, Defesa, Economia, Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Advocacia-Geral da União e Controladoria-Geral da União.

Além dessas ações, Morassutti também diz que o governo pode alterar o decreto que regulamenta a LAI ou enviar uma proposta de alteração da lei ao Congresso para que seja adotada uma nova redação que impeça um uso inadequado do sigilo.

"A lei, interpretada da forma correta, não permitiria esse tipo de sigilo. Acontece que ela foi interpretada de uma forma que a torna muito restrita. É uma visão que não interpreta a lei junto com o restante da legislação e com o que a Constituição diz sobre acesso à informação pública", ressalta.

Na sua avaliação, o potencial de impacto do fim desses sigilos vai depender do que for revelado.

No caso das visitas dos filhos do presidente ao Palácio do Planalto, por exemplo, o advogado acredita que há um interesse em saber se houve alguma atuação em encontros com ministros que poderia ser enquadrada como advocacia administrativa, que consiste no crime de patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública.


Governo impõe sigilo de 100 anos sobre acesso de filhos de presidentes ao Planalto; Ana Flor comenta

Os inquéritos contra Bolsonaro

Bolsonaro enfrenta acusações de interferir na Polícia Federal, órgão que tem inquéritos abertos contra o presidente e seus filhos. Uma dessas investigações apura acusações de interferência levantadas pelo ex-ministro Sergio Moro em 2020, quando pediu demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Assim que assumir o cargo, em primeiro de janeiro de 2023, o petista poderá nomear um novo diretor-geral para a Polícia Federal. O novo chefe da instituição, por sua vez, deve escolher novos nomes para postos chaves, como as superintendências regionais.

A troca de comando da Polícia Federal é outra decisão que pode afetar a família Bolsonaro ao garantir autonomia às investigações. — Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil via BBC

Para o professor de direito penal da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Davi Tangerino, a gestão petista não vai promover uma "perseguição" à família Bolsonaro, tentando direcionar a atuação da PF contra o antigo clã presidencial, mas deve dar autonomia para que a polícia toque as investigações que julgar pertinentes.

Tangerino lembra que os governos do PT garantiram independência a órgãos de investigação, algo que até expoentes da operação Lava Jato já reconheceram, como o próprio Moro.

"É certo que o governo na época tinha inúmeros defeitos, aqueles crimes gigantescos de corrupção que aconteceram naquela época, mas foi fundamental a manutenção da Polícia Federal para que fosse feito o bom trabalho, seja de bom grado ou por pressão da sociedade, mas isso (a autonomia) foi mantido", disse o ex-juiz da Lava Jato, ao deixar o governo Bolsonaro.

Atualmente, há quatro inquéritos autorizados pelo STF em que o presidente é investigado pela Polícia Federal por suspeitas de diferentes crimes:

Sobre divulgação de notícias falsas sobre a vacina contra covid-19 (INQ 4888);
Sobre vazamento de dados sigilosos sobre ataque ao TSE (INQ 4878);
Inquérito das fake news, sobre ataques e notícias falsas contra ministros do STF (INQ 4781);
Sobre interferência na Polícia Federal (INQ 4831).

Bolsonaro sem foro

Bolsonaro também enfrenta as acusações de crimes feitas pela CPI da Covid, que estão em apuração pela Procuradoria Geral da República (PGR).

No entanto, a partir do momento em que deixar a Presidência da República, Bolsonaro perde o foro privilegiado e passa a responder por suspeitas na Justiça Comum.

A Polícia Federal poderá continuar as investigações sem autorização do Supremo. As apurações que estão sendo feitas pela Procuradoria Geral da República passarão para a competência de instâncias inferiores do Ministério Público. Os processos no TSE passam para o TRE da região onde houve a suspeita.

Se o Ministério Público decidir fazer uma denúncia contra Bolsonaro, ele será julgado por um juiz de primeira instância.

Uma exceção a essa regra, porém, pode ocorrer no caso do inquérito das fake news, já que nesse caso pessoas sem foro privilegiado estão sendo investigadas no STF, suspeitas de ataques contra a própria Corte e o Estado Democrático de Direito.

Enquanto Bolsonaro perderá o foro privilegiado, seus filhos Eduardo Bolsonaro (deputado federal) e Flávio Bolsonaro (senador) continuam tendo foro especial no STF em casos de supostos crimes relacionados ao seus mandatos. Eduardo Bolsonaro é alvo também do inquérito das fake news.

Dessa forma, ambos podem ser afetados por uma provável mudança no comando da PGR, que hoje é chefiada por Augusto Aras, visto como um aliado do presidente. Seu mandato acaba em setembro.

Quando Lula foi presidente entre 2003 e 2010, sempre escolheu como Procurador-Geral da República o primeiro de uma lista tríplice elaborada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). O petista inaugurou essa tradição, vista como determinante para garantir a independência do Ministério Público Federal.

Dilma Rousseff manteve o procedimento, enquanto Michel Temer nomeou a segunda pessoa da lista tríplice. Já Aras foi nomeado por Bolsonaro sem ter sido selecionado para a lista da categoria.

Lula não se comprometeu na campanha a respeitar novamente a lista, mas Davi Tangerino acredita que ele pode resgatar a tradição, já que a escolha de Aras acabou gerando um desgaste grande para o Ministério Público Federal.

"Foi Lula quem começou (a nomear o PGR pela lista tríplice). Por que mudar agora, justamente para substituir um Procurador-Geral sobre quem sempre pesou a acusação de ser muito dócil com quem o indicou? Eu acho que é um ônus que o Lula não precisa", avalia o professor da FGV.

Flávio Bolsonaro, por sua vez, é alvo de investigação por um suposto esquema de rachadinha (desvio de recursos) em seu antigo gabinete de deputado estadual no Rio de Janeiro. Essa investigação, porém, tramita na Justiça do Rio.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63456431

Levantamento inédito aponta que 12% dos brasileiros adultos são LGBT



A pesquisa foi feita pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) junto com a Universidade de São Paulo (USP); assexuais correspondem a mais de 5% do resultado

Levantamento inédito aponta que 12% dos brasileiros adultos são LGBT

A pesquisa tem pioneirismo por incluir pessoas assexuais

O mapeamento feito pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a Universidade de São Paulo (USP), publicado na revista científica ‘Nature Scientific Reports’, aponta que 12% das pessoas adultas do Brasil se declaram assexuais, lésbicas, gays, bissexuais e transgênero. O percentual corresponde a 19 milhões de brasileiros, segundo os dados populacionais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Entre o total de 12%, pouco mais de 5% são assexuais , 2,12% são bissexuais , 1,37% é gay, 0,93% lésbica , 0,68% é transgênero e 1,18% são de pessoas não-binárias . A pesquisa fez o mapeamento a partir de uma amostra representativa da população, similar ao método utilizado nas pesquisas eleitorais, por exemplo.

Ao todo, 6 mil pessoas maiores de 18 anos foram entrevistadas em 129 cidades das cinco regiões do Brasil. Esse tipo de levantamento é inédito na América Latina e mostra um passo adiante na evolução das pesquisas voltadas à comunidade LGBTQIAP+.
Aqui o preconceito não tem vez! As novidades da semana do universo LGBTQIA+

Os resultados batem de frente com a pesquisa do próprio IBGE, que aponta que 1,2% da população se declara gay e 0,7% bissexual. Neste caso, as identidades trans não fizeram parte do levantamento, tampouco a assexualidade – que já é muito invisibilizada dentro da própria comunidade.

O que causa as estrias? Veja dicas para tratar as marcas no corpo

Pexels/Reprodução


Popularmente conhecida como estria, as “striae distensae” são alterações de pele alongadas, que podem ser onduladas, salientes, planas ou deprimidas. Sua coloração é inicialmente avermelhada (estrias rubras) e com o tempo, elas evoluem para a cor branca (estrias albas).

Em um bate-papo com Wesley Ferreira, dermatologista da clínica Singular Medicina e Ensino, ele compartilha dicas de como tratar as marcas na pele. Confira:

“Estrias são um problema estético comum, porém com potencial para grande impacto psicossocial e podem interferir muito na vida do indivíduo. Além disso, por vezes elas refletem uma situação patológica interna, como um efeito colateral ao uso de medicamentos”, aponta.

Consequências do crescimento ou aumento rápido de regiões do corpo, são exemplos de causas de estrias: o estirão de crescimento da puberdade, a gestação, ganho de peso, musculação, cirurgia de aumento de mamas e até mesmo síndromes raras.

“Em termos gerais, as estrias são mais comuns em mulheres, exceto pelas estrias de crescimento, que ocorrem mais no sexo masculino” explica o dermatologista.

Para tratar as estrias, Wesley indica lasers e microagulhamento “Os lasers são um exemplo de tratamento altamente eficaz para amenizar a aparência das alterações. Da mesma forma, o microagulhamento tradicional associado a peelings e estimuladores de colágeno injetáveis”, sugere.

Para os casos mais extremos e difíceis de amenizar, existe mais uma opção: “Entre os tratamentos mais modernos disponíveis no mercado, o que se destaca é a radiofrequência microagulhada chamada Morpheus8. É um aparelho de ponta proveniente de Israel que dispõe de delicadas agulhas banhadas a ouro e recobertas por silicone que promovem melhora importante do aspecto das estrias e de toda a pele ao redor”, apresenta.

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Fazer muito sexo oral causa rouquidão? Entenda boato sobre voz de Lula



Médico responde dúvida que surgiu após boato de que voz rouca do presidente eleito seria por conta da prática excessiva de sexo oral

Jonathan Storey

Na última semana, em meio às eleições, surgiu um rumor que envolvia o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com o boato, o motivo da voz rouca do político seria o fato de que ele praticaria muito sexo oral em Janja, sua esposa. Mas, isso é possível?

Segundo o médico otorrino Jefferson Pitelli, pode acontecer. Contudo, diferentemente do que a maioria pode imaginar, o sintoma não seria causado pela prática em si.


“A prática do sexo oral desprotegido pode levar à transmissão de algumas doenças que levem a pessoa a ficar rouca. Alguns tipos de HPV, por exemplo, se ligam facilmente a mucosas respiratórias, principalmente tecidos a boca e cordas vocais, levando à rouquidão”, explica.

Ou seja, a prática por si só ou a frequência com a qual ela é feita não consegue levar ninguém a ficar rouco, a não ser que haja transmissão de uma IST.


Camisinha no oral

Infelizmente, as pessoas ainda veem os preservativos apenas como uma forma de prevenir uma gravidez indesejada. Contudo, uma das maiores preocupações deveriam ser as IST’s – que, vale lembrar, apenas são evitadas com camisinha.

A proteção também é obrigatória quando se trata de sexo oral, algo que pouca gente se lembra de fazer. No mercado, já existem, inclusive, diversas opções com sabores e géis beijáveis para deixar o oral mais seguro e gostoso.

Metrópoles.