terça-feira, 30 de outubro de 2018

Eleição no Flamengo atrasa definições, mas grupos articulam nos bastidores; Abel ganha força


Cenário hoje aponta para troca de comando, independentemente do vencedor. Brasileirão ainda pode influenciar. Clube irá ao mercado e prioridade é busca por substituto para Paquetá

A briga pelo título brasileiro ainda é uma realidade, mas a proximidade do fim do ano levanta questões sobre a próxima temporada no Flamengo. A eleição em dezembro, de certa forma, gera mais dúvidas do que respostas e atrasa o planejamento, embora já seja possível vislumbrar alguns cenários dependendo de quem vencer o pleito em 8 de dezembro.

Abel Braga, por exemplo, é um nome que tem força nos dois principais grupos que disputam a eleição.

Os candidatos favoritos no pleito (Lomba e Landim) evitam falar em decisões definitivas para não expor o elenco na reta final do Brasileiro. É fato, no entanto, que há movimentações nos bastidores entre os candidatos favoritos.

- Temos uma eleição no final do ano, mas o Flamengo não pode parar. Seria muita irresponsabilidade parar de olhar para frente. Já iniciamos o planejamento de 2019 – disse o vice de futebol Ricardo Lomba, candidato à presidência do clube.

Abel Braga agrada os dois grupos favoritos nas eleições e é nome cotado para assumir o Flamengo em janeiro — Foto: Futura Press

Planejamento, aliás, foi um dos pontos contestados pelas oposições da atual gestão. O caso da temporada 2018 foi, inclusive, emblemático. Por conta da indefinição sobre a permanência de Rueda, que deixou o clube em janeiro, o projeto para o ano acabou comprometido.

Sem opções já com a pré-temporada iniciando, a diretoria colocou Paulo César Carpegiani no comando do time - inicialmente, ele seria coordenador técnico. Sua passagem como técnico durou três meses e terminou com a eliminação do Carioca. Novamente sem muito mercado, o Rubro-Negro acabou promovendo o auxiliar Maurício Barbieri na época.

Situação de Dorival é difícil; Abel agrada

A primeira grande questão relacionada ao futebol a ser resolvida após as eleições será o comando técnico do time. Dorival Júnior tem contrato até o fim do ano e sua permanência é improvável. Além das eleições, dependerá muito do Campeonato Brasileiro. Nem mesmo um eventual título asseguraria a sequência do trabalho em 2019, embora o troféu seja o maior cabo eleitoral do treinador.

Abel Braga agrada a gregos e troianos no Flamengo. Livre no mercado e disposto a voltar ao trabalho em janeiro, ele foi procurado pelo atual comando antes do acerto com Dorival. O ex-treinador do Fluminense recentemente também foi sondado por pessoas ligadas ao grupo de Rodolfo Landim. Apesar de duas recusas somente em 2018, ele vê com bons olhos assumir o projeto na próxima temporada.

Dorival não é o plano A para 2019. Treinador tem contrato até dezembro — Foto: André Durão / GloboEsporte.com

Renato Gaúcho é um nome forte e agrada especialmente a torcida. A contratação, no entanto, teria um custo maior. Em abril, após a demissão de Carpegiani, ele recusou oferta vantajosa financeiramente do Flamengo. Além disso, há a concorrência do Grêmio, que pretende mantê-lo em 2019.

Grana em caixa e investimentos

O Flamengo não esconde que terá dinheiro em caixa para ir às compras em janeiro. Boa parte da grana é proveniente da venda de Paquetá. O clube já recebeu a primeira parcela (5 milhões de Euros) e receberá outras duas, no total de 25 milhões de euros, em 2019.

Flamengo vai investir dinheiro da venda de Paquetá no futebol, e prioridade é justamente a busca por um substituto — Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

O clube garante que todo o dinheiro será revestido em investimentos no futebol. A prioridade é justamente a busca por um substituto para o próprio Paquetá. Há também a previsão do pagamento em janeiro de mais uma parcela (1,5 milhão de dólares) da venda de Felipe Vizeu a Udinese.

- A grande diferente é que nesse ano, ao contrário dos passados, teremos um caixa robusto no início do ano que nos permitirá fazer uma janela boa, com contratações boas, para que os reforços estejam conosco no início da pré-temporada. Esse será um grande diferencial. Tem dinheiro suficiente para montar uma bela equipe - comentou Lomba.

Comando do futebol

As duas chapas favoritas nas eleições ainda não oficializaram nomes para a vice-presidência de futebol, mas Marcos Bráz tende a comandar o futebol rubro-negro em caso de vitória de Rodolfo Landim. Ele comandou a pasta em 2009, ano do último título brasileiro do Flamengo.

- O responsável sou eu. Mas acho que várias pessoas pensando junto, evita erros enormes que vimos acontecer nos últimos temos. E vamos ter um vice de futebol com DNA vencedor, que vocês conhecem muito bem - disse Landim, em debate dos candidatos do clube na semana passada.

Atual vice de futebol e candidato da situação, Ricardo Lomba ainda não revelou quem ficará à frente da pasta em caso de vitória, embora já tenha tomado a decisão. Ventilado, Luis Gustavo Nogueira, assessor da presidência para assuntos de futebol de base, é um dos cotados.

- Já temos um nome e vamos divulgar oportunamente por questões profissionais. Mas já está definido - disse Lomba.

Barca e assédio

Ninguém toca no assunto oficialmente até para não atrapalhar o elenco na reta final do Brasileiro. Mas é natural que alguns nomes deixem o clube. Com contratos no fim, Marlos Moreno e Geuvânio dificilmente terão seus vínculos renovados. Outros atletas pouco aproveitados como Henrique Dourado, Trauco e Rômulo podem sair em caso de proposta.

Após perder Paquetá, o Flamengo acredita que sofrerá assédio em relação a jogadores valorizados como Léo Duarte e Cuéllar. Nos dois casos, no entanto, o clube está respaldado por multas altas, devido a contratos renovados em 2018: 50 mi e 70 mi e euros, respectivamente.

Situações Diego, Diego Alves e Juan

Por motivos variados, algumas lideranças do elenco têm situações indefinidas. Após se recusar a ficar no banco contra o Paraná, Diego Alves está em situação delicada. Hoje, o cenário mais provável é que deixe o clube na virada do ano, seja por acordo entre as partes ou envolvido em alguma negociação.

Diego tem contrato até julho — Foto: andré durão

O caso de Diego é diferente. Ao contrário do goleiro, o camisa 10 é visto como exemplo de profissionalismo. O que não significa que a situação dele seja consenso no clube. Com contrato até 31 de julho, a renovação é incerta. O custo-benefício do meia que completará 34 anos pesa contra o jogador que virou um dos símbolos da virada rubro-negra no mercado, mas hoje é reserva de Dorival Junior. O pai do jogador disse que o desejo do atleta é seguir na Gávea, mas Diego tem mercado. O Santos, por exemplo, é um clube que sempre tem o camisa 10 em no radar.

Com contrato até dezembro e em recuperação de uma grave lesão no tendão de Aquiles, Juan, que completará 40 anos em fevereiro, dificilmente seguirá em 2019. Clube e jogador estudam a possibilidade de um jogo de despedida. A ideia é que ele comece um estágio no clube na coordenação técnica.

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