O corpo de mais de 3 mil anos fez surgir um mistério que durou mais de um século
A múmia que grita - Divulgação/Ministério das Antiguidades do Egito
1. A múmia fez brotar um mistério
Descoberta em 1881, a múmia que grita causou grande surpresa nos pesquisadores, chocados diante daquele cadáver de 3 mil anos. A partir daí, foram então longos 137 anos nos quais ainda não se sabia a identidade do homem eternizado com uma expressão facial de total horror.
Tal questão só foi resolvida em 2018, quando um grupo de cientistas, liderados pelo arqueólogo e egiptólogo Zahi Hawass, estudou a fundo aquele enigma. Antes, o cadáver era classificado como sendo apenas um “homem desconhecido”. No entanto, foi descoberto que se tratava de um herdeiro de um dos mais emblemáticos faraós da antiguidade egípcia, Ramsés III.
2. Desejo de matar
Um exame de DNA mostrou que a múmia era do príncipe Pentaur, filho do faraó da 20ª Dinastia Egípcia. Ao que tudo indica, ele havia articulado um grande plano contra o seu próprio pai. Tal informação foi descoberta em um manuscrito, conhecido como o Papiro Judicial de Turim.
O documento fala de julgamentos que ocorreram após um crime brutal cometido pelo príncipe egípcio. Esse crime seria a tentativa de assassinar o pai, Ramsés III. O arqueólogo Zahi Hawass contou à BBC News que nos papéis "que relatavam a conspiração, chamada Conspiração do Harém, se assinalava que Pentaur havia sido condenado à forca e foi surpreendido quando ia executar o complô".
A surpresa veio para Pentaur quando ele foi questionado e considerado culpado por conspirar contra o faraó. Além disso, o inscrito mostrou que o conspirador "estava em conluio com Tiye, sua mãe".
Ou seja, a figura materna foi uma cúmplice do crime. E o príncipe teve um fim tráfico, pois foi sentenciado à pena de morte por tentar matar o pai. No entanto, antes que fosse morto, ele acabou tirando a própria vida.
3. O crime deu certo
Apesar de terem descoberto o plano maligno de Pentaur, os especialistas ainda não sabiam se ele tinha dado certo. E acontece que, realmente, o príncipe conseguiu executar o próprio pai. Para chegar à essa conclusão, os pesquisadores analisaram a múmia de Ramsés III, descoberta no século 19.
Após a análise minuciosa, foram encontrados cortes em pontos da garganta do faraó. Em suma, confirmou-se que o soberano tinha sido assassinado pelo próprio filho. O estudo, publicado no British Medical Journal, revelou ainda que o governante egípcio foi morto com alguma facada ou golpe, causado por uma lâmina.
A múmia que grita / Crédito: : Divulgação/Ministério das Antiguidades do Egito
4. O cadáver não foi bem mumificado
O corpo do príncipe Pentaur não foi devidamente cuidado com base nos costumes do Antigo Egito. Pesquisadores não encontraram nenhum fluido de embalsamamento, que indicasse que o cadáver tivesse sido conservado propositalmente.
Logo, há indícios que o corpo ficou mumificado de modo natural. No entanto, isso não significa que ele permaneceu intocado após a morte, já que sua expressão pode ter sido modificada. Até porque, de modo suspeito, seu funeral não foi o mais convencional de todos: envolto em pele de carneiro, o corpo de vossa alteza estava em contato com um material considerado impuro pela tradição egípcia.
5. Uma pergunta permanece
Apesar dos arqueólogos terem descoberto muito sobre a múmia que grita, o enigma chave ainda está nebuloso. Não sabemos ainda porque o príncipe Pentaur ficou eternizado com uma expressão tão agoniante.
O suicídio é a principal hipótese por trás de sua morte, mas não se sabe ao certo se seu semblante ficou eterno naturalmente após ele tirar a própria vida. Isto é, seu cadáver manteve aquela cara assustada depois de cometer o suicídio, ou isso foi feito de propósito com seu corpo após a sua morte? Fica a questão.
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