Ate a adolescência, a memória tem mais interesse no futuro que no passado, mas quando esse futuro chega o passado passa a ter valor.
Minhas lembranças de Tarauacá ainda permeiam minha memória tentando manter-se vivas. Eu me lembro de como ela era: um bom lugar para se viver, onde todos se conheciam, na beira de um rio de águas barrentas vindas da confluência das águas dos rios Tarauacá e Muru.
No verão, o rio vazava e cedia lugar a volumosas camadas de areia, formando uma belíssima praia em frente a cidade. Nós, meninos, tínhamos a mania de brincar derrubando barreiras de areias ou então pescávamos piabas, usando como isca farinha dentro de um litro furado no fundo e com a boca enterrada na areia do rio.
Em alguns trechos, a praia tinha o enfeite natural das uranas, uma espécie de vegetal típica desse ambiente. Quando o rio enchia, as brincadeiras eram da "pira" nas balsas de toras de aguano estacionadas na beira do rio. Outros meninos iam para a ponte que ficava em frente a casa da dona Kita para pular dentro do igarapé que passava ali.
Muitas aventuras vi e vivi na cidade que me viu nascer e me tornou adolescente: minha querida Tarauacá. É como diz o escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez: "A vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la".
Nenhum comentário:
Postar um comentário