Contudo, ninguém encontrou nenhuma evidência de que seja possível respirar pela cavidade anal, até agora
Como a pandemia da Covid-19 evidenciou, respiradores e ventiladores mecânicos são bastante caros.
Além do mais, muitas vezes o paciente está tão debilitado que mal consegue suportar o uso desses equipamentos.
O uso prolongado desses equipamentos, ademais, pode prejudicar profundamente os tecidos do pulmão e a capacidade de respirar.
Buscando mudar isso, pesquisadores da Tokyo Medical and Dental University podem ter descoberto uma nova forma respirar oxigênio: pelo reto.
Acontece que há bastante tempo já havia debates sobre a capacidade da mucosa do reto absorver oxigênio.
Isso porque as células presentes no epitélio do fim do sistema digestivo são relativamente parecidas com aquelas no pulmão.
Contudo, ninguém encontrou nenhuma evidência de que seja possível respirar pela cavidade anal, até agora.
Imagem: bodymybody/Pixabay
Para avaliar isso os pesquisadores submeteram ratos a condições de baixo oxigênio.
Os ratos que não passaram por nenhum tratamento sobreviveram, no máximo, 11 minutos no ambiente com pouco oxigênio.
Outros ratinhos que receberam oxigênio em seus retos sobreviveram por até 18 minutos.
Uma parte dos ratos, todavia, tiveram a mucosa do intestino raspada e em seguida receberam o oxigênio na cavidade do reto. Isso permitiu que os bichos sobrevivessem por até 50 minutos.
Vantagens de respirar pelo reto
Apesar dos resultados com os ratos, pacientes que mal conseguem respirar geralmente não podem passar por processos como a raspagem do reto.
Assim, os pesquisadores buscaram novas alternativas, ampliando também a pesquisa para porcos.
Para facilitar o ato de respirar, os autores usaram uma solução altamente oxigenada também introduzida no reto dos suínos.
A solução, no caso, foi o perfluorocarbono oxigenado a 10%. Médicos usam esse composto, por exemplo, como infusão direta para o sistema respiratório, o que facilita a troca de gases no pulmão.
Imagem: Shafin Al Asad Protic/Pixabay
Os pesquisadores então injetaram esse composto no reto de dois porcos e usaram outros dois animais como controle.
Mais uma vez, os bichos passaram por ambientes com pouco oxigênio, porém sem a raspagem do reto, como aconteceu com os ratos.
Os resultados mostraram que os porcos com o perfluorocarbono puderam respirar e absorver oxigênio com mais facilidade.
Ademais, quando os outros dois animais receberam também o composto, apresentaram em seguida uma melhora na oxigenação.
Os pesquisadores acreditam, assim, que essa técnica pode se tornar viável clinicamente, conquanto precise de mais evidências e estudos.
Os autores ressaltam que a infusão do perfluorocarbono já acontece clinicamente nas vias aéreas e é bastante menos custosa que o uso de ventiladores e respiradores.
O artigo está disponível no periódico Med.
Essa matéria foi retirada do site: https://socientifica.com.br/
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