Encontro do líder católico e com líder xiita ocorreu na cidade sagrada de Najaf, no sul do país.
O Papa Francisco se reuniu neste sábado (6) com o principal líder xiita do Iraque, o grande aiatolá Ali al-Sistani, em um encontro histórico. Depois, ele foi a Ur, onde nasceu o profeta Abraão, pai do judaísmo, cristianismo e islamismo.
Papa Francisco chega a Bagdá
O encontro ocorreu na cidade sagrada de Najaf, no sul do país. Foi a primeira vez que um papa se encontra com um líder xiita sênior.
A televisão estatal Ekhbariya mostrou o comboio do papa movendo-se por Najaf.
Helicóptero militar iraquiano sobrevoa o santuário Imam Ali em Najaf, durante a visita do Papa Francisco à cidade sagrada para encontro histórico com o clérigo xiita grande Aiatolá Ali al-Sistani —
Sistani é uma das figuras mais importantes do islamismo xiita, tanto no Iraque como fora dele.
Ele exerce enorme influência sobre a política. Seus decretos enviaram iraquianos às urnas eleitorais pela primeira vez em 2005, reuniram centenas de milhares de homens para lutar contra o Estado Islâmico em 2014 e derrubaram um governo iraquiano sob pressão de manifestações em 2019.
Sistani, de 90 anos, raramente faz reuniões e recusou negociações com os atuais e ex-primeiros-ministros do Iraque, segundo autoridades próximas a ele.
Sistani concordou em se encontrar com o papa com a condição de que nenhuma autoridade iraquiana estivesse presente, informou uma fonte do gabinete do presidente à Reuters.
Mulher caminha perto de pôster que dá boas-vindas ao Papa Francisco em Bagdá em 4 de março —
O Papa Francisco iniciou sua viagem mais arriscada ao exterior na sexta-feira (5), voando para o Iraque em meio à segurança mais rígida já vista para uma visita papal para apelar aos líderes do país e ao povo para que acabem com a violência e conflitos religiosos.
Francisco, de 84 anos, fez um apelo para que os iraquianos dessem uma chance aos pacificadores durante uma reunião de oficiais e diplomatas iraquianos no palácio presidencial.
Mais tarde, ele prestou homenagem às pessoas mortas em ataques motivados pela religião, visitando uma igreja de Bagdá onde homens armados islâmicos mataram cerca de 50 fiéis em 2010.
Papa visita o local de nascimento de Abraão
Vista do sítio arqueológico em Ur onde, acredita-se, nasceu o profeta Abraão, em 6 de março de 2021 — Foto: Thaier al-Sudani/Reuters
Após seu encontro com Sistani, Francisco foi visitar as ruínas da antiga Ur, também no sul do Iraque, venerada como o local de nascimento de Abraão, que é visto como o pai de três grandes religiões: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.
"Esse lugar sagrado nos leva de volta às nossas origens", ele afirmou ao lado de líderes muçulmanos, cristãos e yazidis. Ele falou perto do sítio arqueológico da cidade de 4.000 anos.
"Deste lugar, onde a fé nasceu, da terra do nosso pai Abraão, nos permite afirmar que Deus é misericordioso e que a maior blasfêmia é profanar seu nome com ódio aos nossos irmãos e irmãs", disse ele em Ur.
Papa Francisco participa de uma cerimônia no local de nascimento do profeta Abraão, em 6 de março de 2021 — Foto: Yara Nardi/Reuters
"A hostilidade, o extremismo e a violência não nascem de um coração religioso, [esses sentimentos] são a traição da religião. Nós, crentes, não podemos nos silenciar quando o terrorismo abusa da religião", afirmou o Papa.
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