A inclusão do Acre no início do projeto teria sido uma promessa do governo Bolsonaro à bancada federal
O Acre está fora da primeira etapa de um dos maiores projetos da história de telecomunicações do Brasil, o Norte Conectado. O programa irá levar internet e TV digital para ribeirinhos, comunidades e florestas mais afastadas dos centros urbanos do país. No entanto, não incluiu o Acre – Estado que possui algumas das cidades mais isoladas da Amazônia – como prioridade nesta primeira etapa. Por se tratar de um trabalho de extrema dificuldade, com logística e acesso restrito, a primeira fase do projeto pode ser finalizada na segunda metade de 2021. Não há data, nem previsão de quando os habitantes da floresta acreana estarão de fato recebendo a ação.
O lançamento do Norte Conectado ocorreu na tarde dessa terça-feira, 1º, no Palácio do Planalto, em Brasília, e contou com participação do ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e do presidente da República, Jair Bolsonaro.
Apesar de o Acre ser constituído, nos 22 municípios, por povos tradicionais da floresta (índios, seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, etc.) a região ainda não tem previsão de quando receberá os cabos de fibra óptica com capacidade superior a 100 gigabytes por segundo (Gb/s) e a instalação de pontos de acesso à internet banda larga por satélite.
Só nesta etapa, o programa vai custar quase R$ 70 milhões em recursos próprios do país para construir o primeiro trecho do backbone de fibra óptica – canal por onde pode trafegar grande quantidade de dados – que interligará Macapá (AP), Alenquer (PA), Almeirim (PA) e Santarém (PA). Esse trecho, de 650 km, vai alcançar 165 escolas, tribunais e hospitais, com possibilidade de chegar somente até Tabatinga, no Amazonas.
O projeto visar mudar positivamente a realidade e a maneira de se comunicar nas localidades mais ocultas da Amazônia, além de inserir uma infraestrutura de qualidade em termos de comunicações. O objetivo principal é oportunizar acesso ao conhecimento, educação, melhorar o desenvolvimento econômico e dar espaços para serviços públicos por meio de transmissões eletrônicas. “Temos ainda muitas diferenças sociais que precisam desse trabalho, desse projeto e do que ele representa. É a maior revolução da história de telecomunicações do país”, disse o ministro Marcos Pontes.
Foto: Divulgação
A ação tida como uma ‘virada de página’ na vida das pessoas que vivem nessas localidades está prevista para alcançar quase um milhão de pessoas nessa primeira fase. “A ideia é atingir 10 milhões e mais de 10.000 km de fibra óptica pelos rios e seus afluentes”, garantiu Alcolumbre.
Bolsonaro afirmou: “nós aqui mais ao Sul, mais ao Centro, por vezes, não damos a devida importância para aquilo que, para nós e quase nada, mas para outros é muito. Dessa forma que vamos integrando a Amazônia, com recursos próprios”. Ainda este ano, haverá um levantamento hidrográfico, licenciamento ambiental e o início da construção de um novo trecho da infovia, que vai interligar Santarém (PA) a Manaus (AM). O projeto completo prevê nove infovias lançadas através dos diferentes rios da região Amazônica, somando cerca de 10.000 km, interligando 59 municípios.
“Um absurdo”, diz Petecão
O ac24horas procurou o coordenador da bancada federal do Estado, senador Sérgio Petecão (PSD) – que está em São Paulo cuidando do irmão acometido pela Covid-19 na UTI há 19 dias – para saber o motivo de um dos estados menos conectados do país não ter sido tratado como prioridade na expansão do sistema de telecomunicações desta primeira fase, uma vez que o projeto prevê a possibilidade de chegar até Tabatinga, no Amazonas, bem próximo ao Acre.
Petecão se diz surpreso e demonstrou insatisfação com a atitude do governo federal. “Fui uma das pessoas que mais lutei por isso, de levar para todas as comunidades isoladas a internet. Esse é um sonho meu. Inclusive chegamos a levar o então ministro Gilberto Kassab no lançamento desse programa em Cruzeiro do Sul. Tudo certo, tudo acordado, o satélite hoje se encontra em funcionamento acima da nossa região”, salienta.
O senador lamenta o fato de o governo estar liberando o programa por “partes”. “Mas vou cobrar do governo federal, até porque não tem nenhuma justificativa para o Acre não ser contemplado nessa primeira leva. Um absurdo isso, até porque isso já nos foi prometido, não é de hoje não, faz tempos que o governo federal vem nos prometendo isso”, conclui.
ac24h.
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